UM NOVO OLHAR
(Capítulo 2)
Hoje, dando sequência a nossa história, procurando uma nova maneira de enxergar o Complexo do Alemão, famoso durante muito tempo por causa da violência e pela bandidagem, continuamos nossa visita ao que, em breve, vai se tornar num roteiro turístico.
É um mundo de diversidade e criatividade, um projeto de vida criado sem a participação do poder público, que agora começa a receber de forma contundente os serviços comuns a toda a sociedade.
Mais do que a vergonha, um grande orgulho. Orgulho de um povo que luta diariamente de forma digna, orgulho de um povo que constrói a base de nossa cultura e de onde podem sair os futuros grandes atletas, artistas, engenheiros, arquitetos, etc.
De vez em quando as ruas são estreitas, como em todas as comunidades pobres. Cenas semelhantes são possíveis de serem encontradas em cidades européias, com uma qualidade de vida melhorada. Uma realidade construída por povos que tiveram a ajuda de seus governantes durante muito tempo, hoje transformada em lugares charmosos e interessantes para os turistas.
Cenas como a dessa casa. Um "avance" com moto e equipamentos de aparência muito nova, tudo muito bem cuidado e limpo. Uma quebra de paradigma, daquela idéia de miséria e sujeira, de pobreza e descuido. A construção de uma nova imagem das comuidades conhecidas como favela, onde a beleza é possível, onde a vida é possível.
De repente ruas largas, casas e carros como em qualquer outro bairro da cidade. É a área nobre. Casas que começam a ganha valor imobiliário, casas que começam a compor um cenário de normalidade. Ruas limpas e calmas, onde antes o medo imperava. Ruas que começam a viver a lei e a ordem comum ao resto da cidade, onde antes bandidos impunham suas próprias regras e dominavam o lugar com a força das armas e de acordo com seus próprios interesses.
Mais um campo de futebol. Ao fundo, do lado direito, uma grande creche/escola. Mais do que um campo de futebol, um campo de sonhos. É uma escolinha de futebol, onde meninos plantam sementes de um futuro promissor. (veja o vídeo abaixo)
Em frente ao campo de futebol, obviamente existe um bar. Mas não é uma mera birosca, é um bar (e restaurante) muito bem montado. Guarda as características do lugar, permitindo que os moradores preparem seu próprio churrasco, em troca do consumo de bebidas. Vídeo-games, televisão de tela plana, sinuca, totó, uma verdadeira área de lazer. Um ponto de encontro.
Uma cena que hoje é muito comum, mas que antes seria impensada, é a presença constante da polícia dentro da comunidade. Uma presença normal em outros bairros e ruas, mas que por aqui é algo novo. Uma sensação boa de ver que estão ali trabalhando, fazendo a ronda e mantendo a ordem.
Passo a passo vamos conhecendo esse lugar maravilhoso, que antes era visto com torpor. Passo a passo vamos descobrindo o quanto estamos próximos e o quanto somos vizinhos desse tesouro sóciocultural, de uma economia pulsante e em crescimento e de um ambiente que não tem nada a ver com violência e bandidagem.
Amanhã tem mais. Mais um capítulo dessa investida sobre o que, para muitos, é novo, mas estava ali apenas a espera de uma oportunidade. Uma comunidade!!!






Eu, que me achava íntima do tema, afinal estava sempre antenada com as mídias, os livros... Antenadas nas ações sociais... Todos falavam com tanta segurança a mesma coisa, que não podia me trazer surpresas...
ResponderExcluirHá um tempinho atrás, participei de um grupo de estudos que me levou a conhecer esse mundo, visitando algumas das muitas comunidades carentes na "cidade" do Rio de Janeiro e o complexo do Alemão foi descartado, pela "periculosidade" (não haviamas UPPs) e fiquei encantada com o valor do "humano" apesar de saber das barbaries que aconteciam lá dentro
Muito legal está divulgação vindo de profissionais, como você!
Fico no aguardo de novos capítulos!! E quando rolar uma visita, avise! Parabéns!