10 de outubro de 2018

PERIGOSO EMPODERAMENTO

As eleições 2018 no Brasil estão provocando um tipo de empoderamento muito perigoso no seio da população, quando um dos candidatos declara de maneira explicita desde o período pré campanha, opiniões xenófobas, misógenas, homofóbicas e racistas. Não estou levantando em falso, pois há vídeos e áudios gravados com tais declarações, que incluem pérolas do tipo "no meu governo não vai ter um centímetro de terra indígena", "no meu governo não vai ter um centavo para quilombolas" e para completar, uma declaração que antecipa e autoriza reações agressivas, como "no meu governo todas as casas terão uma arma". É só clicar no link abaixo e assistir o vídeo.

https://www.youtube.com/watch?v=R7REGMJPTmQ

A primeira reação agressiva aconteceu contra o próprio candidato, quando em ato de campanha em Juiz de Fora ele levou uma facada. Feito repugnante em qualquer circunstâncias e contra qualquer pessoa.



No dia da votação assistimos uma postagem de uma pessoa que votava no tal candidato, usando uma pistola para pressionar as teclas da urna eletrônica, numa espécie de mensagem para os que votam de forma diferente.



Fomos obrigados a assistir estarrecidos a morte de Moa do Katendê na Bahia, ao levar 12 facadas só por ter declarado seu voto em outro candidato.


E hoje, ainda estarrecidos com todos esses episódios, vemos a democracia ser colocada mais uma vez contra a parede. Uma jovem é agredida e marcada a canivete com a suástica, apenas por estar usando uma camiseta onde estava escrito #elenao, além de portar uma bandeira do movimento LGBT.



Não bastasse o candidato à presidência da república, na corrida para o governo do estado do Rio de Janeiro ele tem um representante a altura, que junto com um de seus filhos aparece quebrando a placa em homenagem a Marielle Franco.



O tal candidato, questionado sobre as ocorrências, afirma apenas "O que eu tenho com isso? Lamento.". diz desautorizar tais atos, mas esquece que estes são frutos diretos de um comportamento assumido desde sempre em sua carreira política.

A verdade é que parte da sociedade brasileira se deixa levar por um discurso de ódio, que apregoa valores como se os fins justificassem os meios, empoderando personalidades desequilibradas e gerando um subconsciente coletivo que acha poder fazer justiça a sua maneira e com as próprias mãos.

Não fosse isso suficiente, basta darmos uma olhadas na lista de candidatos do partido do tal candidato, sejam os que foram eleitos ou não, para nos darmos conta que estamos vivendo mais um golpe de estado, dessa vez trilhando o caminho da legalidade. São capitães, sargentos, delegados e as mais variadas patentes, militarizando a política. Pior, militarizando e evangelizando a política.

Há um empoderamento muito perigoso em curso! Há que se frear essa onda fascista! Sabendo que por enquanto, esse é apenas o eclodir do ovo da serpente.

#elenao   #elenunca   #elejamais

6 de outubro de 2018

Doutrina Monroe

DOUTRINA MONROE


Em 1823, o Presidente dos Estados Unidos , James Monroe, em discurso no congresso prega um estreitamento nas relações entre as Américas do Norte e do Sul. Surge a política "América para os americanos", hoje mais atualizada e conhecida como "América first".



Nos anos seguintes, já conhecida como doutrina Monroe, os Estados Unidos olham para a América do Sul, em especial o Brasil, como mais uma fonte de recursos a serem explorados. Recursos humanos e naturais.
Em 1889, com a implantação de uma república ainda sem estabilidade, o Brasil necessita de ajuda. Ajuda essa que com o tempo vira ingerência nos assuntos internos, patrocinada pelo governo norte-americano. 
No final de 1901 Theodore Roosevelt decide por em prática o domínio yankee em todas as Américas, sendo o Brasil o gigante do Sul que cria excelentes oportunidades para fazer fortuna.



The big stick (O grande porrete) está na mira de quem não se posicionar a favor do Tio Sam, quem não o obedecer. As regras estão postas..


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Começa a neo colonização das Américas, dessa vez com claras ameaças para os que não se alinharem, ameaça de serem banidos das relações pan-americanas. Sanções econômicas, influências políticas e ideológicas, que podem resultar em ações armadas, sejam elas diretas ou não.
É o american way of life!



Para transformar esse estilo de vida como norma, a cultura e as artes passam a ser encarregadas de manipular as massas. Se houver oposição, ela será esmagada.
Na década de 1940, o Brasil é invadido pelo Far West norte-americano, são cowboys e apaches usados como personagens de uma história recheada de mensagens subliminares.
Os pioneiros brancos, donos da verdade e do bem, são transformados em mitos, deuses vivos, em super-homem. Apesar de se promover como a terra da liberdade, da livre iniciativa e do sucesso, índios e descendentes de escravos africanos são sempre apresentados como traidores e covardes, constantemente massacrados pelo exército.





Subsídios governamentais patrocinam essa invasão cultural, que no Rio de Janeiro, capital federal, tem na Cinelândia seu principal foco. São dezenas de cinemas usados para esse fim. Mas ali perto, principalmente na Lapa, a música passa a ser alvo também.



Empresários e seus laranjas passam a comprar rádios e estúdios de gravação, que passam a depender cada vez mais dos dólares norte-americano e que devem promover obrigatoriamente o american way of life.
Começa então a política da boa vizinhança. Mas às vésperas da II Guerra Mundial, o Brasil ainda é o único país latino americano que ainda não segue o grande irmão poderoso, ameaçando se assumir do lado nazi-fascista. Getúlio Vargas é o personagem mór, simpatizando com a política italiana de Mussolini. 




Roosevelt cria o OCIAA (Office of the Coordinator of Inter-American Affairs, sob a liderança de Nelson Rockefeller, que passa a interferir nas produções artísticas dentro e fora dos Estados Unidos. Em Hollywood passa a ser proíbido falar de conflitos raciais e sociais. O Brasil, aquele gigante do sul, passa a ser divulgado como o lugar onde se vive a cantar, dançar, beber, amar e sonhar com grandes riquezas.




Para reforçar essa política, é criado o DIP (Departamento de imprensa e propaganda), na pretensão de harmonizar as relações entre os dois países. 



Walt Disney, Orson Wells, Ginger Rogers e Fred Astaire, só para citar alguns poucos, passam a representar, a cantar e dançar nossos hábitos e ritmos, tendo como auge Bing Crosby cantando Aquarela do Brasil. Diga-se de passagem que essa melodia ainda persiste no imaginário e no sub-consciente do turista norte-americano quando em visita ao Brasil.
Começamos a beber whisky ao invés de cachaça e Coca-Cola no lugar do guaraná.





Desde então muito mais aconteceu, sempre respeitando a ideia original, inclusive com muita influência na política local. Não a toa podemos imaginar algumas explicações para o que acontece hoje em dia, especialmente o que ocorrerá a partir de amanhã. 
Será mesmo que somos tão livres assim? Será mesmo que vivemos numa democracia absoluta? Será mesmo que é fantasioso pensar que alguns personagens, por mais esquisitos que sejam, não tenham nenhum influência aberta ou escamoteada de um imperialismo yankee?



Ainda há muito o que falar, mas vamos ficando por aqui, pelo menos hoje. Amanhã teremos novas informações para alimentar o tema, mas são decisões que não consideram a possibilidade de arrependimento. O depois sempre será mais trágico e confuso, caso nos deixemos levar pelo que não está escrito de forma clara e literal. A mensagem nas entrelinhas são mais importantes do que imaginamos, por isso considere a possibilidade de estar equivocado nas decisões de uma eleição tão importante para o nosso futuro próximo.


7 de setembro de 2018

Escadaria Selarón - Pedaço(s) do Mundo

Perdemos o Museu Nacional. 
Mesmo que se recupere algumas peças, alguns documentos, a perda é irreparável. E nesse momento de dor e tristeza, como devemos reagir? Como devemos agir? Minha resposta vem num sentido paralelo à reconstrução, à recuperação, à restauração do primeiro e, talvez, mais importante museu do país.

Esse é o momento de olharmos a nossa volta, percebendo quantos museus, edificações, expressões culturais e atrativos turísticos podem se perder de uma hora para a outra, já que também não recebem nenhum tipo de manutenção, nem tem gestão capaz de dignificá-los e de transformá-los em bens materiais e imateriais que dignifiquem nosso povo e nossa identidade.

Nesse sentido a LIGUIA - Liga Independente do Guias de Turismo/RJ lançou no mês passado um projeto de restauração, preservação e ordenação das visitas à Escadaria Selarón. 

Pedaço(s) do Mundo

Guias de turismo em manifestação depois da morte de Selarón.

A Escadaria Selarón é uma obra de um artista maluco, que foi capaz de transformar aquele ambiente e seus arredores positivamente, valorizando imóveis, criando novas oportunidades comerciais e devolvendo para a cidade um território antes degradado.

Jorge Selarón

Essa postagem não é para contar a história da Escadaria, nem mesmo de Jorge Selarón. Essa postagem é para chamar a atenção da população e das autoridades, que esse monumento que atrai milhares de turistas do mundo inteiro todos os dias, está em risco, está sendo destruído, está se perdendo! 

A Escadaria é assim todos os dias.

Se não for colocado em prática nenhum plano de recuperação da Escadaria, veremos em breve a mídia noticiar o fim desse monumento, a destruição desse atrativo, a perda de mais uma relíquia. Sim, você que não conhece, você que faz cara feia para o tema, você que finge que o problema não existe, ou não tem tanta importância, pare e pense no sentimento que que o incêndio do Museu Nacional causou lá no fundo da sua alma.


Esse é mais um grito de socorro da Cidade Maravilhosa!

5 de setembro de 2018

MAIS UMA DO MUSEU NACIONAL

24 de NOVEMBRO de 2012 - visitando o museu
Essa sala não existe mais, essa diversão fica na memória, a dor será eterna.
Um passeio...
Seis anos atrás já era possível ver um grau de abandono, mas ainda era possível ver e viver aquele museu, aquela exposição.

Importante lembrar que são centenas de museus, centenas de atrativos culturais correndo risco sério de acabar da mesma maneira que o Museu Nacional. 

Enquanto isso aumentam salários, aumentam benefícios e se locupletam.

Votar resolve!?!?!?

Os Maias, os Cunhas, os Cabral continuam candidatos e ainda recebem boa quantidade de votos. Como pode isso? Democracia...


2 de setembro de 2018

TRAGÉDIA ANUNCIADA!!!


Meu Deus, confesso que sempre temi ver essa cena...


Conheço e visitei o Museu Nacional desde tenra idade, levado por meus avós, meus pais e posteriormente profissionalmente. 
Já faz um bom tempo que não entrava no museu, mas passei por dentro da Quinta da Boa Vista umas cinco vezes nos últimos meses, passando ao lado do prédio e me dando o direito de caminhar pelo jardim da frente.
Tenho vivo na minha memória imagens das múmias, dos fósseis, dos meteoritos e da arquitetura daquele que foi uma das principais moradias imperiais brasileiras.







Muito triste... são 200 anos de história, de pesquisa, de ciência.
Um museu federal, abandonado, esquecido.
Uma perda comparável a perda de um amigo, de um parente.
Dor incomensurável...
Descaso total com nossa história, desleixo total com nossa identidade.

Um vazio imenso, queimado, perdido.